POSIÇÕES NO WRAP SLING

Wrap sling é um carregador Imagemde bebê confeccionado em tecido longo, no qual o cuidador carrega o bebê junto ao seu corpo. Os benefícios do uso deste tipo de carregador de bebê são inúmeros. Associa-se ao uso do wrap sling a redução dos períodos de cólicas, prolongamento do sono e até diminuição dos episódios de choro dos bebês. Os bebês podem ser carregados em wrap slings desde o nascimento, não havendo limite de idade para ser slingado. É o modelo de sling utilizado no pelo método mãe-canguru com bebês prematuros. 

O ideal é que se observe sempre se o sling é de qualidade e se não está com suas fibras danificadas.
É um modelo de carregador muito versátil, permitindo que o bebê seja carregado em diferentes posições, em geral nas mesmas posições em que é carregado no colo.
BARRIGA COM BARRIGA: É a posição fisiológica do bebê. Sua coluna e suas perninhas permanecem na posição uterina. Por ser carregado na vertical, é uma posição que favorece a digestão, sendo recomendado para bebês com refluxo. Nesta posição os bebês podem ser carregados desde o nascimento até enquanto o cuidador conseguir carregar (sempre observando o estado de conservação do tecido).

SENTADO DE LADO: esta posição é recomendada para bebês que já sustentam a cabeça e mantém o controlo do pescoço. É de fácil amarração e mantém o bebê integrado às atividades do adulto, favorecendo seu desenvolvimento. 
NAS COSTAS: essa posição pode ser usada desde que o adulto tenha segurança em carregar dessa forma. É umaposição segura e favorece a autonomia do adulto, possibilitando que ele realize diversas atividades enquanto carrega o bebê jnto ao corpo. Assim como a posição anterior, mantém o bebê integrado às suas atividades.

DEITADO: Nesta posição, o bebê fica deitado no pano, como se estivesse sendo ninado no colo do adulto. É uma boa posição para amamentar os bebês.
DE FRENTE PARA O MUNDO: O bebê pode ser carregado nesta posição desde que tenha o controle do pescoço e sustentação da cabeça. Ele pode ser colocado de duas formas:

Com as perninhas dentro do pano, cruzadas
Com as perninhas para fora do pano, com os tecidos que formam as alças do sling abertas embaixo das perninhas e da bundinha do bebê, deixando-o sentado no pano (não com as perninhas penduradas). Muitos bebês gostam desta posição por enxergarem o mundo do alto, do ponto de vista do adulto.
Todo bebê pode ser carregado em um wrap sling. Como comentado acima, ele é muito versátil e permite que o bebê seja carregado no pano da mesma maneira que é carregado no colo.

De casa nova…

Retomando minha vida virtual, criei um novo espaço para esse recomeço!

http://lucianaivanike.blogspot.com/

Beijos

Despedida…

Bem… infelizmente este espacinho que compartilhou comigo 3 anos de alegrias e tristezas será fechado!

A vida não tem sido simples, viver tem sido um martírio e a força tem faltado!

Portanto, decidi poupar meus amigos tão queridos dessa minha fase ruim e, assim que eu conseguir me encontrar, caso aconteça antes da Alice nascer, voltarei com novas energias e uma disposição de verdade para seguir em frente!

Beijos e sentirei muitas saudades!

Minhas filhas, minhas guerreiras, minhas vidas!

Nada como um dia depois do outro… E a cada dia tenho percebido o quanto é difícil viver! Ter filho é maravilhoso e tenho tido certeza que é o que fortalece uma pessoa.  Podemos perder tudo, mas os filhos ficarão, sempre…

Mas tem sido difícil acordar todos os dias e deixar o que aconteceu de lado, olhar nos olhinhos de jabuticaba da Dani, ouvir um ” Mãe, você já acordou?” e sorrir, feliz porque ela está do meu lado, coçando o bico e pegando  no meu rosto com um carinho puro e sincero… Ela tem 4 anos, e NUNCA me deixa na mão! É profissional em fazer a mãe feliz! Sempre tem um sorriso amigo e acolhedor e um comentário engraçado pra fazer… Nem que seja só um segredo pra Alice, que vem acommpanhado de um ” Não falei com você mãe! Falei com a Alice!”. A Alice tem sido uma companheira e tanto para a Dani! É o que a acolhe quando ela cai e vem chorando ” Alice, eu feizi dodói!”  ou então ” Alice, a mamãe brigou comigo!”… E, para quem não sabe, Alice é a irmãzinha que tem apenas 31 semanas de vida intra uterina!

Mas é assim… Alice já é forte. Depois de uma ameaça de cesárea caso não virasse, deu seu jeitinho e virou! Está cefálica! Estamos em posição para um parto natural! É triste que ela tenha feito todo esse serviço sozinha, porque a mãe definitivamente a abandonou nestas últimas semanas! Mas é minha pequena guerreira! Está enfrentando junto da mãe coisas que nem nós, adultos conseguimos lidar!

Mas é como tenho ouvido muito: O que não mata, fortalece! E sei que meu melhor amigo agora é o tempo! Ele está do meu lado e ele vai ajudar a fechar essa ferida…

Ai

Rubi

Composição: Tata Fernandes / Kléber Albuquerque

Deu meu coração de ficar dolorido
Arrasado num profundo pranto
Deu meu coração de falar esperanto
Na esperança de se compreendido

Deu meu coração equivocado
Deu de desbotar o colorido
Deu de sentir-se apagado
Desiluminado
Desacontecido

Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
De um coração trespassado

“Eu te amo – disse.
E o mundo despencou-lhe nas costas. Não havia de sofrer tanto.
O mundo pesa sobre o amor. Leveza dá pena no espaço.
E se teu amor por mais pedra não voar: liberta tuas costas do peso que não carregas.
E se teu amor por mais pena não mergulhar: vai te banhar e olha-te no olhar que não te cega.
Se teu amor te pesa mais que o mundo que carregas: degela-o e deixa-o beber os deltas.”

Deu meu coração de ficar abatido
De bater sem sentido
Meu coração surrado
Deu de arrancar o curativo
Deu de cutucar o machucado

Deu de inventar palavra
Pra curar de significado
O escuro aço denso do silêncio
No coração trespassado
Ai
Ai ai
Ai

Família Êh, Família Áh, Família…

Minha família era pequena. Meus pais, eu e meus dois irmãos. Às vezes aparecia tio, tia e primas. Raro, mas quando acontecia era delicioso. Sempre fui louca por ter família grande, e via ter dois irmãos como uma vantagem. Afinal, quando cada um de nós formássemos a nossa própria família teríamos uma imensa família para os almoços de domingo, as festas de Natal e Páscoa, para todas as comemorações. Minha vizinha tinha uma família imensa que se reunia em ocasiões especiais. Falavam alto, muitos primos para brincar, uns comendo no sofá, outros ao redor da mesa, mas sempre em clima de união e harmonia.

Quando comecei a formar minha família, me senti realizada. Mesmo antes de engravidar os almoços de domingo eram deliciosos. Ao final da louça todos deitavam onde tinha espaço e dormiam. Depois que a Dani nasceu a festa ficou mais completa. Pai, mãe, irmãos, cunhada, marido e filha ao redor da mesa (pequena de seis lugares, onde todos ficavam grudadinhos) falando alto, tirando sarro de bizarrices da infância ou adolescência, contando podres que, se contados na época do ocorrido gerariam uma imensa de uma encrenca com o pai ou a mãe! Sempre amei isso, e continuo sonhando com o dia em que teremos ao redor da mesa da casa dos meus pais cunhadas, sobrinhos, amigos… Mesa sempre cheia.

Mas a outra parte do meu sonho já se realizou também! Quando vamos almoçar na casa da mãe Clélia (minha sogra) tenho cunhadas, cunhados, sogra, sogro e sobrinha! E hoje, percebi a importância da família ser grande: não é somente realização minha, mas são trocas. Vendo hoje a Dani brincando com a Ana Clara (minha afilhada)… Elas tem três anos de diferença e brincam super fofas. Ana olha para Dani com adoração. Dani quer que a prima, que está andando há duas semanas, já corra junto com ela. Dani tem aprendido que ser mais velha é bom porque pode brincar com os brinquedos que estão na caixa do corredor da casa da Vó, mas tem os encargos da preferência para a prima que é menos e ainda não entende. E as trocas não param por aí. Eu e a Isa (minha cunhada e comadre) trocamos figurinhas o dia todo, sempre temos informações para nos dar, coisas para contar, fofocas para fazer… Podemos passar o dia juntas e ainda na porta, na hora da despedida temos coisas a  falar! Como é bom sentar à mesa e ouvir histórias de todos os lados, causos, acontecimentos… Família é tudo de bom!

E, em breve darei mais uma contribuição, Alice terá quatro anos de diferença da Dani e um ano da Ana. Já pensou, as três juntas, brincando, saracotiando e, no futuro, fofocandinho! Sei que é um sonho bem próximo, porque o tempo tem pregado peças, tem voado mais rápido do que meus pensamentos. Mas quando acontecer, me sentirei tão realizada quanto me sinto agora!

Beijos

E se não depender de mim?

Engraçado. Quando pensei em um título para o meu blog, escolhi por acreditar que a vida é simples. Para viver, basta… VIVER! Há algum tempo tenho olhado a vida com outros olhos, a Ioga tem me ajudado muito. Tenho compreendido sentimentos, formas de agir e pensar alheios. Uma grande mudança interna, posso dizer. Tenho pensado antes de julgar, e confesso, isso não é fácil! Sempre fui muito explosiva, e agora estou mais reflexiva.

Mas, infelizmente, algumas situações não dependem das minhas reflexões, independem se eu me coloquei no lugar do outro ou não… E, como é difícil você acreditar que tudo pode ser diferente, você visualizar que você e o outro podem mudar, e não conseguir convencer o outro que essa mudança é possível. Pior ainda, é quando você está com uma barriga enorme, às 28 semanas de gestação, com os hormônios completamente alterados e precisa lidar com uma situação que simplesmente surgiu na sua frente, que irá mudar completamente a sua vida e a vida das suas filhas, e que, por mais que você tente contornar, a luz no fim do túnel está cada dia mais distante. E você pergunta “Onde eu errei, porque eu quero consertar!”, ou “O que posso fazer para mudar isso? Não quero que termine assim!”…

O que posso dizer é que a vida não tem sido tão simples assim para mim. Dormir só à base de remédios, chorar o tempo todo e ainda ter que esperar a filhota ir para a escola para poder sofrer… É difícil! Meus pais têm me dado uma boa força, mas só eu sei o que tenho passado. E isso só vai passar quando tudo se resolver… O que espero que aconteça logo! Bem ou mal, a dúvida é uma inimiga!

Beiijokas

Minha filha sabe o que está “querendo”?

Duas escolas erradas, muitas porcarias no cardápio, muitos tênis de marca em pézinhos muito pequenos que nem sabiam o que calçavam, muitos brinquedos coloridos, barulhentos e vibrantes, muitas bonecas que só faltavam brincar sozinhas… Depois de muito estímulo ao consumo infantil, escolhemos uma escola para a Dani que condena o consumo excessivo para as crianças. Vamos começar pelo fato que minha filha passa mais tempo descalça do que de tênis na escola. E que ela passa o dia na terra, na areia, na grama e que pai nenhum em sã consciência colocaria na filha uma roupa de @k#su% reais para rolar no barro. A escola também desencoraja que a criança fique em frente a televisão por muito tempo. Vou confessar que a Dani passa o dia com a TV ligada nos DVDs que ela mais curte. Ela mal assiste, mas gosta de ouvir e repetir os diálogos. Não é bom, mas dos males é o menor.

Minha preocupação começa quando ela diz: “Eu quero assistir Discovery kids Brasil no 45.”. Me preocupo porque nos DVDs não vemos propagandas de brinquedos, roupas, no máximo a divulgação do próximo lançamento no cinema, e aí ela já grita: “Quero ir no cimema comer pipoca e assistir tal filme no shopping.”. Se fazemos esse programa ela já se realiza, não precisa de mais nada. Talvez uma visita à livraria para ficar lá folheando livrinhos (coisa que ela adora!). Mas ela não pede, não faz escândalo que quer algo ou que tem que comprar (baile ela dá quando passa pelos parques.). Ela nunca foi de exigir nada, sempre entendeu quando explicamos que é caro, ou que não vamos comprar porque não precisa daquilo.

O problema são as propagandas da TV! Essas me deixam sem ação. Ela vê aquelas bonecas que fazem de tudo, cocô, xixi, mamam, medem febre… “Mãe, eu quero uma dessa boneca.” e, eu lá da cozinha, sem nem saber do que se trata falo “pede pro Papai Noel, que no Natal ele trás.”, ou simplesmente ignoro, porque querer ela pode querer tudo! Mas e quando chegamos na loja de brinquedos e ela vê que a tal boneca nem é tudo aquilo que aparecia na propaganda… Lá vai a mãe explicar que na propaganda da TV eles fazem de conta que a boneca faz aquilo, de que a TV engana sim. Ela só tem 4 anos, não vai adiantar falar agora que a propaganda só quer impressioná-la para que ela queira a boneca e a mãe compre sobre pressão da filha. Onde fica o sentimento de frustração da minha filha quando se depara com o brinquedo falso, completamente diferente da TV. Outro exemplo que ela me mostrou esses dias. A propaganda de shampoo que ela ama, que afirma que não arde o olho e não dói para pentear. “Por que você dói meu cabelo e a mãe do menino na TV não dói o cabelo dele?”… Olha a saia justa! Haja jogo de cintura para explicar que na TV é faz de conta e blá, blá, blá… O “Faz de conta…” já entrou no vocabulário dela, graças à televisão! Porque na telinha é tudo faz de conta, nada é real… Pelo menos nada direcionado ao público infantil. São propagandas insinuativas. Lembro de uma de protetor solar que me deixava enojada. Um menino de uns 5 anos estava com a mãe passando protetor e passa uma menininha da mesma idade de biquini, toda “faceirinha”. Quando o garotinho termina de passar o protetor e vai na direção da menina, chega o “namorado” dela já protegido e fica ENCARANDO o outro menininho. ABSURDO! Estamos falando de crianças nas propagandas, não de adolescentes dando em cima das namoradas uns dos outros.

Vou ser sincera, às vezes tenho vontade de desligar a televisão para sempre e me alienar. Fazer minha família aproveitar esse tempo de outra forma. Mas precisamos dos meios de comunicação, não podemos nos ausentar do mundo, simplesmente. Vejo muitos prós e muitos contras na proibição da publicidade infantil, devemos orientar nossos filhos a serem formadores de opinião, a ter o devido discernimento do que é real e do que é fantasia. Mas fazer isso com crianças pequenas, altamente expostas a qualquer estímulo é muito complicado. Aqui em casa estamos evitando canal aberto e até mesmo a TV fechada (que mais faz propagandas enganosas). Acho que nesse momento, em que a Dani ainda não sabe separar o real do fantasioso, é a melhor opção! Enquanto isso assistimos 20 vezes o mesmo desenho no DVD.

E você? Qual a solução que encontrou, ou o que pensa a respeito da publicidade infantil? Como proteger nossos filhos desse vilão?

Convido Isabella Isolani e Marília para opinar a respeito. Vamos debater, conversar, trocar idéias sobre o assunto. Como resolver uma questão tão complexa que envolve nossos filhos?

No Blogs do Desabafo de Mãe, Ceila nos convida à essa reflexão e a outra ainda, quais são as responsabilidades dos pais diante do excesso de informação e da convergência das mídias? Vamos ser pais responsáveis e debater essa questão!

Imagem retirada de: http://diganaoaerotizacaoinfantil.files.wordpress.com/2008/06/childrentv_wide.jpg

Beijos

Onde cabem tantas culpas?

Pensei… Pensei… Pensei… Dia das Mães… Daniela doentinha, com dor de ouvido e dor de garganta, quase sem voz e eu… CULPADA!

Me culpo pela cascata de acontecimentos pós parto, me culpo por ter afundado a Dani na banheira, me culpo pela varicela e pelo um ano de Gardenal que ela resultou, me culpo pela escolha errada da escola, me culpo agora pela crise sei lá do que que atacou o nariz dela e que virou dor de ouvido… Mas acho que isso faz parte do pacote da maternidade! Tudo nos provoca sentimento de culpa!

Antes de ser mãe, não lembro de tantas culpas assim. Tenho me policiado para manter meu humor bom, minha energia bem positiva, porque já senti que quando não estou bem a Dani reage de formas diferentes a situações normais. E é o que acho que está acontecendo, ela está sentindo algum clima que nós, meros adultos mortais não sentimos. Ou sentimos e tentamos disfarçar.

Gostaria que meu Dia das Mães fosse diferente, mas foi feliz. Depois de sofrer por uma rejeição, fui curtir minha mãezinha que amo tanto, almoçamos em uma chácara em Colombo, conversamos muito e repeti o pudim três vezes! Foi delicioso conversar com minha família e passar esse dia tão especial com as minhas pérolas rosa, minha Alice e minha Daniela, que antes de vir embora me presenteou com uma rosa e um cartão escrito pelo Vô (que ficou tão triste pela minha tristeza, tadinho) “Mamãe, você é a pessoa mais importante das nossas vidas. Amamos você. Daniela e Alice.”… Nem preciso falar que me derreti em lágrimas, porque ontem, cheguei a esquecer desse serzinho germinando aqui dentro, essa pessoinha que percebeu o quanto a irmã precisava da mãezinha ontem e decidiu ficar bem quietinha em sua casinha, como se não estivesse ali. Só deu o ar de sua graça na hora em que deitei para dormir. E… Mais culpa! Minha princesinha nem nasceu e já se encolheu diante de tantos problemas que ela nem entende, mas sente.

Culpas… Companheiras inseparáveis das mães! Acho que é isso que nos faz fortes.

Um Feliz Dia das Mães!

PS.: O post saiu atrasado porque a Dani precisou muito de mim ontem, mesmo!

O porquê da dor

Fonte: http://www.partodoprincipio.com.br/conteudo.php?src=prazer&ext=html

A gente pode dissecar a questão da dor (do parto) de infinitos modos, pois não se trata de uma grandeza absoluta, não mede xis unidades de qualquer coisa. Ela é relativa, e a múltiplos fatores combinados entre si, físicos e psíquicos, conscientes e inconscientes, e a combinação de todos eles produz a percepção psico-física dentro de limiares individuais.
Na nossa cultura, o parto é na grande maior parte das vezes vivenciado e relatado como um evento em que está presente uma dor que beira o insuportável. Será necessário que seja assim? Vejamos…
Primeiramente há o aspecto evolutivo. O parto humano é o que apresenta a relação céfalo- pélvica mais estreita da natureza. Um dia resolvemos descer das árvores e caminhar sobre duas pernas. Outro dia resolvemos engrossar nossa camada de neo-córtex cerebral: resultamos bípedes e cabeçudos, porque somos metidos a não ser bestas. E na hora de parir nossos filhotes, os processos musculares de contração das paredes e dilatação do colo uterino, mais os movimentos do bebê empurrando-se para fora ocorrem sem folga de espaço, e as sensações fortes* que esses processos produzem podem ser interpretados como “dor”, e potencializados em sensações ainda mais dolorosas se houver medo, insegurança, ou ação de hormônios artificiais como se costuma aplicar através de soro às mulheres em trabalho de parto com o objetivo de acelerar o processo, atingindo níveis de fato insuportáveis. Em “Correntes da Vida”, o psicoterapeuta inglês David Boadella** descreve o comportamento uterino em trabalho de parto quando a mãe sente qualquer tipo de medo – consciente ou inconsciente:
“(…) o útero tenta fazer duas coisas antagônicas ao mesmo tempo: tenta abrir-se, sob a influência do relógio biológico que atua através do hormônio que prepara o caminho para o bebê nascer; e, simultaneamente, tenta manter-se fechado, sob a influência dos nervos simpáticos, trazidos à ação pelo medo. É como se alguém quisesse dobrar e esticar o braço ao mesmo tempo; o braço teria um espasmo, que causaria dor. isso é exatamente o que acontece com o útero de uma mãe que é incapaz de relaxar e que está condicionada a sentir dor.”
Mas por que a mulher está condicionada a sentir dor? Um dos motivos é o arquétipo do parto doloroso em conseqüência do pecado original, como reza nossa cultura judaico-cristã. Ao expulsar Adão e Eva do Paraíso por terem provado do fruto do Conhecimento, o Criador lhes diz: “Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos” (Gênesis 3:16). Ora, como não sentir dor se o próprio Deus a determina? O arquétipo do parto como sofrimento foi literalmente in-corporado baixo a quase 6.000 anos de crença.
Outro aspecto importante, é o caráter fisiológico do parto. Esta noção não faz parte do senso comum: de que o ato de parir (assim como gestar e amamentar) é tão fisiológico e saudável quanto respirar, digerir, filtrar o sangue, pensar, absorver nutrientes, excretar, chorar, ouvir, enxergar, fazer sexo, fazer amor. Mas na nossa cultura, uma mulher grávida é vista como alguém sob risco potencial e iminente, o parto é visto como um evento necessariamente hospitalar e na maioria das vezes, cirúrgico. Ao transformar um evento potencialmente saudável em necessariamente patológico, a dor encontra campo fértil para ser identificada como tal. Está aí um dos fatores que levam tantas mulheres a sentir pavor pelo parto normal.
A dor tida por alucinante pode ser percebida como lidável quando a mulher, em primeiro lugar subtrai-lhe a parcela da dor propriamente dita, advinda do medo e da insegurança; o restante das sensações, ela pode converter em sensações lidáveis ao aceitar a natureza do seu corpo, aceitar as sensações do trabalho de parto não como alguma coisa a vencer, contra as quais se deve lutar – porque elas não resultam de uma patologia, não sinalizam alguma coisa que está errada, como uma fratura ou queimadura, por exemplo. Não.
Essa sensação é uma aliada que sinaliza o processo fisiológico do parto, levando a mulher a fazer força, ou a se contorcer, a gemer, a acocorar-se ou a procurar a banheira, e entre as contrações as sensações atenuam, como ondas***, e você pode relaxar. As sensações intensas levam ao transe, e esse transe tem que ser aproveitado, ele faz parte. Você não precisa de anestésicos, ordem pra fazer força, fórceps. Você precisa apenas de liberdade para vivenciar seu parto.

O parto é você, é o seu corpo em plena atividade, e você não deveria deixar esta parte de você ser subtraída por uma conveniência que vem de fora. Existem séculos de uma cultura desfeminilizante costurando essa rede em que se cai tão facilmente, como eu mesma caí nos meus partos. Não é a mulher que precisa da anestesia, são os outros que precisam do conforto de uma mulher parindo quietinha.
E há outro aspecto que eu acho muito interessante que é a coisa do ritual de passagem. Nós cultivamos algumas manifestações externas de rituais, como casamentos, batizados, bar-mitzvahs, aniversários, festas da primavera, e essas festas refletem a nossa necessidade humana de marcar as passagens das
fases, de criança inimputável para o adulto responsável, da vida individual para a vida em família, de um período de dureza para outro de fartura, enfim, quando passamos de uma fase para outra sem essa marca fica faltando alguma coisa. Tive um tio que foi tratado com hormônios nos anos 40 para acelerar seu crescimento. Na verdade ele foi cobaia das primeiras experimentações com hormônios no Brasil. De um dia para o outro ganhou pelos pelo corpo, engrossou a voz, a adolescência que deveria prepará-lo vagarosamente para a idade adulta veio num turbilhão que ele não deu conta e ninguém à volta dele compreendeu. Ele enlouqueceu.
Assim é com o parto. Quando se tenta ao máximo passar por ele como se nada tivesse acontecido – e o ápice disso é a cesárea eletiva, está-se pulando um ritual fundamental para o início da maternidade. E o efeito cascata começa: dificuldade de estabelecer vínculo com o bebê, depressão pós-parto, “falta” de leite, intolerância ao comportamento do bebê. O parto normal cheio de intervenções, do qual se diz “ah, foi uma beleza, não senti na-da!!! fiquei ali, conversando, e em xis (poucas) horas o bebê nasceu!!” não é muito menos maquiagem da passagem. Sim, “de repente” o bebê estava ali. E ela não precisou fazer nada. Inicia-se a maternidade com a sensação de que “não é preciso fazer nada” para ser mãe. E começa a transferência de responsabilidade… impulsionada pela sensação inconsciente de que a maternidade moderna NÃO PODE ser trabalhosa. E esse caráter trabalhoso que a maternidade efetivamente tem, não é, como nossa sociedade acredita, um sofrimento, um castigo do qual devemos nos livrar. Ao contrário, ela contém o extremo prazer que sentem as pessoas que superam desafios, convivendo com as mudanças no corpo e na vida pelo prazer que isso traz, em oposição à compulsão de querer lutar contra as mudanças irreversíveis promovidas pela chegada dos filhos.
O processo do parto vem sendo aprimorado há milhões de anos (ou milhares, depende do critério), e a humanidade definitivamente não aperfeiçoou este processo agregando-lhe tecnologia, apenas o corrompeu. Anestesia, ocitocina na veia, posição horizontal, raspagens, submissão a alguém como dono do parto, kristeller, amniotomia, episiotomia, tudo isso num trabalho de parto que está transcorrendo sem intercorrências, não é evolução: é perversão. Das grossas. Você e seu bebê não precisam de mais nada além dos seus corpos com seus hormônios para permitir o nascimento.
Precisamos desconstruir o conceito de parto doloroso, e compreender e desejar e conquistar o parto prazeroso, não importa quão trabalhoso ele possa ser. Não se deixem levar pela inércia do sistema obstétrico vigente, que inadvertidamente vampiriza a força, a beleza e a vida que mãe e bebê protagonizam no ato de parir e nascer.

* definição da Éllade França
** contribuição da Anita Cione
*** definição de Michel Odent

Roselene Nogueira <roselene@partodoprincipio.com.br>
Mãe de Heloisa, Beatriz e Isabela (3 partos normais hospitalares) e arquiteta

E os pré-conceitos…

Colo é mimo…

Cama compartilhada é mau costume…

Não bater deixa sem vergonha…

Amamentar em livre demanda é isso…

Carregar no sling é aquilo…

Parto natural é coisa de vaca…

Não sei se estou ficando maluca, mas para mim tudo isso é NATURAL! Porque antes de sermos Humanos dotados de inteligência, somos mamíferos, animais dotados de instintos. Meu instinto me diz que, a melhor coisa para a Dani é dormir juntinho com a mamãe e o papai quando ela quer. E, como é a natureza, sei que alguma coisa ruim aconteceu com a Dani pela forma como ela age a noite. Se ela vem pra cama e fica dengosa, ela está sentindo alguma coisa além do normal. Se está tudo bem, ela dorme a noite toda na caminha dela. Sair da rotina faz com que ela queira dividir a cama. Ela tem 4 aninhos e ainda precisa da mãe a noite. E eu atendo, sempre (lógico que às vezes perco a paciência, porque ela desperta e não quer mais dormir) porque acredito que acolhendo no momento certo, ela será um adulto seguro. Não negar carinho é meu princípio. Dou colo e chamego sempre que ela precisa e pede pela mesma razão, para que ela seja independente e segura.

E penso assim por me parecer lógico: A criança espera proteção, cuidado e carinho dos genitores, das pessoas que devem cuidar, acalentar, amar. Não consigo imaginar que um pai ou uma mãe negue colo, cama compartilhada, peito, cheiro, carinho por acreditar que  a técnica do Fulano diz que tem que deixar chorar, Ciclano diz que amamentar em livre demanda deixa mal acostumado, que dar colo deixa atrasado e outras besteiras! Amos, carinho, segurança e aconchego não deixa ninguém mal acostumado. Deixa seguro, feliz… Qualquer criança que receba tudo isso terá estrutura psicológica para lidar com qualquer questão da vida adulta, além de perpetuar o amor e o respeito pelo sentimento e tempo dos outros. Afinal, ser mãe e ser pai é saber respeitar o tempo dos filhos, é saber que nenhuma criança é igual e evitar aos máximo comparações… Mas esse assunto fica para o próximo post!

Beijos

Imagens: Daniela slingando com a mamãe (By Isabella Isolani)

Imagens: Daniela ganhando colinho da Dinda (By Daniel Isolani)